Gestão financeira: fluxo de caixa
- Foco Rural
- 3 de abr. de 2020
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Atualizado: 3 de abr. de 2020
Gerenciar o caixa de uma empresa é função básica de um gestor. Especialmente na área rural, onde as atividades desenvolvidas geram receitas anuais, mas com despesas quase que diárias, conseguir equilibrar entradas e saídas de dinheiro requer muito planejamento, com reflexos, inclusive, nas estratégias de comercialização da produção.
A elaboração de um fluxo de caixa orçado é a ferramenta ideal para auxiliar o gestor a se antecipar para atuar nos momentos de desencontro entre disponibilidade de recursos e a necessidade de saldar compromissos assumidos, momentos que geram muita dor de cabeça para o gestor, que sem planejamento precisa recorrer, de última hora, ao mercado financeiro para buscar um adicional de crédito. Nestes momentos, normalmente as linhas de crédito disponíveis são as mais caras, gerando uma despesa financeira adicional ao custo de produção.
A estrutura de um fluxo de caixa compreende uma planilha onde nas colunas teremos os períodos de tempo (ex.: semana, quinzena, meses) e nas linhas as receitas e as despesas que farão parte do planejamento e em cada célula da planilha o lançamento dos valores referentes a receitas e despesas alocadas em cada período, conforme compromissos já assumidos ou com previsão de serem realizadas. A última linha é sempre o saldo de cada período analisado.
Para elaboração do fluxo de caixa o importante é o gestor utilizar inicialmente os dados levantados no balanço patrimonial. Com as contas de ativo e passivo já contratadas, o gestor inicia a estruturação do fluxo, apropriando em cada período o que já está contratado. Partindo disso, inicia as projeções das despesas e custos. De acordo com o saldo verificado em cada período, o gestor vai programando as receitas, sejam elas oriundas de vendas de produtos agropecuários, ou de outras fontes de financiamento.
Quando o gestor fizer a previsão da entrada de recursos de financiamentos, não deve esquecer de projetar seu pagamento, com os devidos juros, nos períodos seguintes. Com este passo a passo, o fluxo vai sendo estruturado para garantir tranquilidade para a empresa quanto ao equilíbrio financeiro, evitando desgastes emocionais e financeiros com situações que poderiam ser previstas.
Como ferramenta de gestão, o fluxo de caixa auxilia tanto empresas que precisam ser saneadas como empresas que estão em situação confortável nas finanças. Para as empresas que enfrentam uma situação difícil, o fluxo de caixa permite se antecipar aos piores momentos, possibilitando a elaboração de uma estratégia que envolve negociação com credores e alongamento das dívidas, corte de despesas e custos, venda planejada de algum ativo. Nestes casos também permite aos empresários analisarem sua situação e ver se existe “luz no fim do túnel”, ou seja, se no longo prazo a situação poderá melhorar.
Para as empresas sadias, que não tem problema quanto a disponibilidade de recursos para saldar seus compromissos, o fluxo de caixa serve, especialmente, como ferramenta de planejamento comercial. Dessa forma, permite ao produtor identificar os períodos de maior necessidade de recursos e confrontar isso com as análises de mercado dos produtos agropecuários, fazendo com isto um plano comercial que busque estabelecer o momento da venda pelo estudo do mercado e não simplesmente porque tem uma necessidade de caixa, como verificamos na maioria das vezes, ou seja, o produtor vende quando precisa de caixa e não por estratégia comercial. Nesses casos de empresas com superávit, o fluxo de caixa também auxilia no estudo de novos investimentos. Ao analisar as disponibilidades de caixa o produtor tem uma boa referência para planejar seus investimentos, conseguindo avaliar seus impactos na movimentação financeira e nos resultados do negócio.
O fluxo de caixa é uma ferramenta de fácil elaboração para as empresas que possuem os controles financeiros bem organizados, sendo muito útil no planejamento e, principalmente, como instrumento na tomada de decisões.

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