O que motiva os jovens a ficarem no campo?
- Foco Rural
- 22 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Recentemente o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) divulgou uma pesquisa feita no Rio Grande do Sul com filhos e filhas de agricultores sobre os fatores que levam os jovens a permanecer na atividade rural ou seguir outras carreiras. A pesquisa reforçou as situações que temos convivido no nosso trabalho com os jovens, filhos dos nossos clientes, demonstrando que, além de fatores econômico e financeiros, a inovação tecnológica, a participação nas decisões e a boa relação com a família e a comunidade são fatores que estão relacionados à vontade de permanecer no campo.
Temos notado que os fatores ligados à relação entre pais e filhos têm grande influência no processo de sucessão familiar, especialmente na construção do desejo dos filhos de permanecerem no negócio da família. Uma família unida, que compartilha dos mesmos objetivos, tende a criar um ambiente de maior cooperação e, consequentemente, terá maior facilidade no processo sucessório. O principal ponto é construir um ambiente de comunicação aberta, com transparência sobre o negócio, suas dificuldades e suas potencialidades. Permitir a participação dos filhos nas decisões, construindo desde cedo a vontade de participar das atividades certamente facilitará a decisão deles de permanecer no meio rural. Portanto, relações mais abertas e de diálogo constante são facilitadores do processo de inserção dos filhos no negócio da família.
Os jovens têm preocupações com a geração de renda, com a dimensão da sua participação nas decisões, com a disponibilidade de tempo para participarem da vida social. Esses pontos devem ser discutidos com os pais para que estes e outros anseios não se transformem em frustração. O fator econômico tem muita importância, está ligado a uma ideia de independência para o jovem. De qualquer forma, cada um de nós responde a estímulos diferentes, ou de maneira diferente para cada tipo de estímulo. Não teremos uma postura padrão, cada um tem seus critérios na hora de escolher o caminho a tomar. O que é importante é que se manifeste os seus desejos, que o jovem tenha condições de fazer suas escolhas a partir daquilo que os pais e a vida lhes apresentarem como opção.
Participar nas decisões é fundamental para o jovem. Para os pais isso é um processo que começa muito cedo, e o objetivo é instruir os filhos para que sejam capazes de se assumirem, como pessoas e profissionais. O grande problema é em que momento o jovem se acha pronto para ter autonomia nos negócios em relação ao momento que os pais consideram que ele esteja pronto. Isso não é um ponto pacífico, normalmente não é no mesmo tempo, para os pais é uma decisão difícil dar esta autonomia, visto que podem botar em risco todo o negócio. A melhor maneira de passar por este momento é através de um processo de co-gestão, ou seja, um período onde os pais começam a dar autonomia supervisionada aos filhos, corrigindo os erros e reconhecendo as conquistas.
Do lado dos pais um ponto importante é o respeito, especialmente das opiniões, que mesmo na maioria das vezes vindas de pessoas inexperientes, demonstram a vontade dos pais de contribuir com o desenvolvimento dos filhos. É importante que os pais participem do processo de qualificação, dedicando aos filhos tempo na construção dos seus conhecimentos, permitindo que vivenciem experiências relacionadas aos negócios da família com acompanhamento e supervisão. Demonstrar afetividade e reconhecimento visto que na relação familiar existem pontos que vão além do negócio, estamos falando da adesão a um projeto de vida, a princípios e valores pessoais.
A boa comunicação continua sendo a melhor ferramenta para estabelecer uma relação positiva entre as gerações.
O que motiva os jovens a ficarem:
- Renda
- Inovação tecnológica
- Participar das decisões
- Tempo
- Reconhecimento da família

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